Entre as muitas análises
interessantes sobre os chamados “rolezinhos”, está o artigo “O Brasil ainda
está longe de ser um país de classe média”, de Gustavo Andrey Fernandes,
publicada no Valor em 17/01.
Fernandes diz que o
preconceito contra a presença massiva de jovens pobres nos shoppings vem do perfil elitista desse tipo de varejo. Segundo ele, os empresários preferem vender
pouco e caro a aumentar a quantidade e perder clientes ricos:
Naturalmente, esse fenômeno
somente é possível dado um baixo nível de competição da economia brasileira,
fruto da desigualdade social e do baixo nível de renda, o que permite sustentar
preços elevados a um público que tolera pagar valores mais altos para consumir
status.
Já o artigo “Pra onde vão os
rolezinhos”, de Bruno Cava, compara estes eventos ao protesto realizado
em agosto de 2000 no shopping carioca Rio Sul. Naquela ocasião, dezenas de
sem-tetos entraram naquele centro de compras, causando reações negativas. Mas
Cava alerta para as mudanças ocorridas desde então graças à ampliação do
consumo proporcionado pelo lulismo. Em 2000:
... os pobres levam pão com
mortadela para conseguir almoçar na praça de alimentação. Hoje, os jovens
ocupam o Mac Donald´s. Entram nas lojas e não apenas apalpam a mercadoria:
compram.
O texto publicado no blog
“Quadrados Loucos”, em 15/01, destaca outro elemento importante. “Em 2014, o
que aparece são corpos talhados com roupas de marca, cordões e relógios dourados,
alegremente cantando funk”.
Quem diria! A estupidez das elites transformou o funk ostentação
em funk contestação. E a repressão dos governos ainda pode transformar muitos jovens consumistas em novos ativistas.
Leia também: Não
aprendemos nada com as manifestações de junho?
Bom texto, mas descordo o que tem levada as pessoas consumirem mais seja resultado de uma renda superior, mas sim de uma aparente poder de compra que o governo da a população, chegando a criar uma falsa nova "classe média, o resultado disso é que as famílias chegam ao nível de endividamento que nunca tinha sido visto antes, de em 2013 chegar o percentual da dívida total das famílias em relação à renda anual média ser de 44,53%
ResponderExcluirCerto, Luís. Mas renda superior ou aparente poder de compra, o fato é que o consumo aumentou. Quanto ao endividamento, é preciso diferenciá-lo de inadimplência. E esta não está em níveis preocupantes até agora. O que mais deveria preocupar é a troca do acesso a direitos, como educação e saúde públicas por acesso a mercadorias.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário
Abraço
Precisa análise, Serjão! Penso também que se não são a forma mais politizada de intervenção, os rolezinhos podem ter um importante ingrediente pedagogico...
ResponderExcluirPoizé, Maurão. E se a repressão continuar, os maiores professores (com o perdão da comparação) serão os próprios poderosos.
ExcluirAbraço!