Quando Maomé começou a
defender uma nova fé incomodou os poderosos da época. Não porque ele afirmasse que
há somente um deus. Judeus e cristãos já defendiam o monoteísmo muito tempo antes.
Segundo o livro “No god but God”, de Reza Aslan, a hostilidade a Maomé surgiu de sua defesa da antiga
ética tribal, que era igualitarista e recomendava cuidados especiais em relação
aos mais fracos e incapazes.
Estes princípios teriam sido
abandonados durante o domínio dos coraixitas. Esta tribo dominava Meca, que já era
um centro religioso do mundo árabe muito antes do islamismo. Seus membros se
enriqueceram e acumularam poder explorando a fé popular.
Perseguidos pelos coraixitas,
Maomé e seus seguidores abandonaram Meca. Criaram a cidade de Medina, onde
organizaram uma federação de aldeias. O evento foi tão marcante que é
considerado o Ano 1 do calendário islâmico.
Um dos princípios da nova
comunidade era a igualdade de todos, independentemente de suas posses
materiais. Um imposto foi criado e sua arrecadação destinada aos mais pobres.
O
Corão justifica esse tributo dizendo que verdadeiramente virtuoso é aquele que “distribuiu
seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados,
viajantes, mendigos e para a libertação dos escravos”.
Com a crescente
institucionalização da fé muçulmana tais princípios foram abandonados. Surgiram
interpretações autoritárias do Corão para justificar a existência e aceitação
de uma elite sacerdotal.
Mas as origens igualitárias
do islamismo continuam presentes na militância de seus adeptos de esquerda no
mundo todo. Desmentem os que tentam mostrar a fé de 1,5 bilhão de pessoas como um
único credo fanático, intolerante, autoritário e injusto.
Leia também: Um
livro muçulmano contra a intolerância
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