Doses maiores

30 de janeiro de 2014

Não à pacificação do hip-hop!

O hip-hop nasceu da resistência à discriminação social, racismo, violência policial, falta de direitos básicos. Seus criadores eram negros, porto-riquenhos, jamaicanos e outros setores marginalizados da população estadunidense.

Esse caráter combativo está explícito na letra dos melhores raps, mas não apenas neles.

Jovens pobres criaram o grafite para mostrar que tinham ocupado com sua arte os territórios em que foram abandonados para morrer.

Os movimentos quebrados do break recusam o corpo domesticado que a disciplina autoritária da fábrica, do quartel e das escolas tenta impor.

O DJ dá vida nova a sons que permaneceriam sepultados no vinil se dependesse da reprodução gangrenada da indústria fonográfica.

O hip-hop nasceu para alegrar, mas pegou raiva quando seus adeptos passaram a ter seus bailes interrompidos pela polícia e proibidos pelas autoridades.

Teve seu ódio despertado pela violência com que suas cores, gestos, roupas, jeitos de cantar e dançar foram tratados.

Mas o hip-hop olha para a luz cada vez que tira crianças e jovens da ignorância e da ira sem direção. Quando mostra quais são seus verdadeiros inimigos e os acolhe num abraço firme de combatente.

Tudo isso fez do hip-hop uma cultura de resistência e luta, que tem no Estado um de seus maiores inimigos e no mercado uma força que procura amansá-lo.

Por isso, o hip-hop não precisa que o Estado o reconheça como movimento cultural, como quer um projeto de lei. Também não pode ser reduzido a uma ocupação profissional, como pretende outra proposta legislativa. Ambas no Congresso Nacional. As duas exigem uma resposta firme do hip-hop coerente com suas origens.

Não à pacificação do hip-hop!

Leia também: Hip Hop contra ficha limpa pra torturadores

5 comentários:

  1. ué... meu 1º coments sumiu. mas vamolá:
    "Também acho isso, cultura é algo q se faz, ninguém precisa de reconhecimento e ponto. Depois a outra PL fala de profissão e diploma de "verdadeiro" Hip Hop - pelamordedeus! são us caça-voto jogando ilusão nas criança...
    Poeta Xandu [ZineZeroZero]

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  2. Mano aqui na boa o texto é até bem intensionado mas não da pra colocar porto riquenhos e jamaicanos como se não fossem negros ou de uma raça diferente, ta ligado... A informação tem que ser passada mas é preciso antes de tudo ser exata ou o mais proximo disso... Prettu Junior

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Tá certo, o texto poderia ter dito "afro-americanos, porto-riquenhos, jamaicanos...". Mas, em primeiro lugar, não gosto muito de "afro-americanos". Parece uma coisa meio intermediária. Além disso, em geral, porto-riquenhos não são considerados negros apesar de serem desprezados tanto quanto eles por serem considerados "não brancos". Valeu o toque, Prettu. Acho que faz todo o sentido. Mas espero que o essencial do texto ainda ajude na luta.
    Abraço!

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