Que a indústria turística
aumenta a desigualdade social, já sabíamos. Que, além disso, e não menos
importante, promove destruição cultural e ambiental também não é novidade.
Mas transformar a miséria
humana em mercadoria para distração de viajantes chega a níveis inéditos de baixeza moral. É o que mostra a matéria “Turismo de miséria”, de Catherine A.
Traywick, publicada no Globo em 05/01.
Em Bloemfontein, África do
Sul, por exemplo, 82 dólares possibilitam passar uma noite em uma imitação de
favela dentro de um resort, com direito a “aquecimento no chão, wi-fi gratuito
e serviços de SPA”.
Em Hidalgo, México, o turista
desembolsa 19 dólares para fingir ser um imigrante tentando atravessar
ilegalmente a fronteira para os Estados Unidos. Em Jacarta, Indonésia, por 10
dólares pretende-se oferecer a experiência de quem tem sua casa inundada pelas
águas da chuva.
Na cidade sueca de
Gotemburgo, um tour pelos locais utilizados pelos sem-teto locais para dormir
sai por 15 dólares. A 16 dólares, uma agência de turismo oferece caminhadas por
Amsterdã guiadas por um morador de rua. São Francisco, na Califórnia, oferece
passeio semelhante por 20 dólares.
Os promotores desse turismo
doentio tentam se justificar com um discurso de responsabilidade social. Os
valores arrecadados seriam usados para aliviar os problemas sociais que revela.
Mas, como diz a jornalista, é “assustador pagar pela experiência de visitar os
mais pobres como se fossem animais no zoológico”.
Nessa história, porém, quem
mais se distancia da condição humana são os diretamente envolvidos nas
operações de compra e venda. Pior que a pobreza material, é a miséria moral de quem a transforma em espetáculo.
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Sergio, estava esperando relatar as visitas às favelas do Rio, e o aluguel de laje também nas favelas para ver os fogos de final de ano. De qualquer forma estarrecedoras estas informações que passou sobre o turismo da miséria. "Miséria é miséria em qualquer canto" (Miséria - Titãs)... E exploração capitalista da miséria também, em qualquer canto, e com qualquer coisa.
ResponderExcluirÉ isso aí, Marião!
ExcluirFelizAno!