Os órgãos da imprensa
comemoram os 30 anos do primeiro grande comício das Diretas Já. Muitos deles
fingem celebrar algo que temiam na época e continuam a temer hoje: as
manifestações populares. Mas ganharam a vergonhosa companhia de muitos dos que
foram às ruas em 1984.
O movimento pelas eleições
diretas para presidente iniciou o que o historiador Lincoln Secco chamou de
“Revolução Democrática”. Um período que foi até 1989, marcado por milhares de
lutas e duas grandes greves gerais. Pelo surgimento e fortalecimento de um polo
de oposição socialista formado por CUT, MST e PT. A classe dominante colocada
na defensiva.
Tudo isso foi canalizado para
a uma Constituinte controlada pelo poder econômico e para eleições fortemente
influenciadas pela Rede Globo. A partir daí, o processo eleitoral passou cada
vez mais a transformar rebeldes em despachantes do Poder. Os sindicatos se
especializaram em fazer de piqueteiros burocratas do Capital.
Trinta anos depois, temos
governos cheios de veteranos das Diretas que se aposentaram das lutas para
trabalhar para os poderosos. Sua última proeza foi aprovar uma lei contra manifestações
e greves no período da Copa do Mundo. Ou seja, trocaram suas bandeiras de luta
por canetas que autorizam a repressão às manifestações populares.
O povo nas ruas pode
representar um novo esgotamento popular diante dos acertos feitos pelo alto
para manter uma ordem injusta. As Diretas foram uma luta por representação
democrática. As atuais manifestações mostram que essa representação jamais se
concretizou. Não sabemos se estamos à beira de outra revolução democrática. Mas
já sabemos com quem não podemos contar se ela vier.
Leia o texto de Lincoln Secco
Aliás, a lista de traidores daria um livro...
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