Doses maiores

13 de outubro de 2021

Hatuey preferiu o inferno ao céu dos espanhóis

No início do século 16, o cacique Hatuey, nascido na ilha Hispaniola (onde ficam República Dominicana e Haiti), foi expulso de suas terras por resistir aos espanhóis. Com mais de 300 índios taínos, atravessou em canoas, por mar, até Cuba, para ajudar a organizar a luta de seus irmãos.

Em um de seus famosos discursos, ele explicou a dominação colonial do seguinte modo:

Eu vou lhes dizer porque fazem tudo isto. É porque têm um grande senhor a quem querem e amam. E este é o que lhes vou mostrar (indicando o ouro que estava na cesta): este é o senhor que os espanhóis adoram. É por ele que lutam e matam; por ele que nos perseguem; por causa dele morrem nossos pais e irmãos e por sua causa nos privam de nossos bens e nos buscam e nos maltratam. Como vocês já ouviram antes, eles querem vir para cá e não pretendem outra coisa senão buscar este senhor; para buscá-lo e arrancá-lo vão nos perseguir e cansar como já fizeram em nossa terra.

Hatuey foi capturado em fevereiro de 1512. Condenado a morrer numa fogueira, um padre ofereceu-lhe a conversão à fé cristã para poder ir para o céu. Hatuey perguntou: “Os espanhóis também vão ao céu?" Diante da resposta afirmativa, respondeu: "Então, não quero ir para um lugar onde possa encontrar gente tão horrível e tão cruel”.

Essa é outra das histórias de luta heroica e grande sabedoria dos povos originários que Moema Viezzer e Marcelo Grondin contam no livro "Abya Yala!: Genocídio, resistência e sobrevivência dos povos originários".

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