Segue outro sangrento relato do livro "Abya Yala!: Genocídio, resistência e sobrevivência dos povos originários do atual continente americano", de Moema Viezzer e Marcelo Grondin.
Em 1560, o governador-geral Mem de Sá, em carta ao rei de Portugal, dizia que em uma só noite havia destruído uma aldeia próxima à Vila de São Vicente e como trunfo tinha “enfileirado os corpos ao longo de aproximadamente seis quilômetros de praia”. Em outra correspondência, afirmava ter “pacificado" os índios das redondezas da capitania da Bahia “queimando sessenta de suas aldeias”.
No final do século 16, em Porto Seguro, cada família portuguesa possuía em média seis escravos indígenas. Em São Paulo, em meados do século 18, havia cerca de quatro mil colonizadores e 60 mil escravos indígenas.
Por volta de 1562, os paulistas começaram a realizar expedições de apresamento dos índios para vendê-los como escravos aos donos das capitanias. Eram as “bandeiras”, responsáveis pela rapina mais impiedosa da primeira metade do século 17. Por meio delas foram escravizados e massacrados mais de um milhão de indígenas.
Enquanto isso, os jesuítas criaram as “reduções”. Entre elas, os famosos Sete Povos das Missões, que chegaram a reunir 40 mil índios. Estima-se que os bandeirantes escravizaram mais de 250 mil indígenas dessas missões e aldeias próximas.
Em resposta, os indígenas travaram a Guerra Guaranítica, na qual foi assassinado o líder Sepé Tiarajú, que não se cansava de afirmar: “Esta terra tem dono!”.
Seu assassinato marcou também o período de destruição final das reduções jesuíticas e a dizimação da grande nação guarani no sul do país.
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E eu aprendi na escola que os indígenas não serviam para o trabalho porque eram muito vagabundos, por isso começaram a trazer os africanos. Nem lembro se falavam em trabalho escravo.
ResponderExcluirNão falavam. Por muito tempo, ensinaram isso que você falou e nem mencionavam a escravidão indígena. Pra muita gente, isso tudo continua sendo verdade, infelizmente.
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