Nas páginas finais do livro "A nova razão do mundo", Pierre Dardot e Christian Laval reafirmam que:
...não se sai de uma racionalidade ou um dispositivo por uma simples mudança de política, assim como não se inventa outra maneira de governar os homens mudando de governo.
Desse modo, para resistir ao neoliberalismo como “racionalidade dominante” seria necessário “promover desde já formas de subjetivação alternativas ao modelo da empresa de si”.
Para isso, propõem o conceito de “contraconduta”, pelo qual seria possível tanto “escapar da conduta dos outros como definir para si mesmo a maneira de se conduzir com relação aos outros”.
Infelizmente, não fica muito claro como esse conceito se expressaria concretamente nas lutas cotidianas dos explorados e oprimidos. Mas os autores concluem afirmando:
Marx já dizia com força: “A história não faz nada”. Existem apenas homens que agem em condições dadas e, por sua ação, tentam abrir um futuro para eles. Cabe a nós permitir que um novo sentido do possível abra caminho. O governo dos homens pode alinhar-se a outros horizontes, além daqueles da maximização do desempenho, da produção ilimitada, do controle generalizado. Ele pode sustentar-se num governo de si mesmo que leva a outras relações com os outros, além daquelas da concorrência entre “atores autoempreendedores”. As práticas de “comunização” do saber, de assistência mútua, de trabalho cooperativo podem indicar os traços de outra razão do mundo.
Dessa forma, é possível deduzir da leitura da obra de Laval e Dardot a firme recusa em aceitar a separação entre capitalismo e neoliberalismo. Este último sendo apenas a forma mais acabada e cruel do primeiro.
Leia também: O desastrado neoliberalismo de esquerda
Nenhum comentário:
Postar um comentário