Doses maiores

11 de julho de 2024

Lênin, ocupado demais fazendo a revolução

No 100º ano da morte de Lênin, é importante destacar uma de suas obras mais importantes: “O Estado e a Revolução”.

Em seu livro “Lênin: Responding to Catastrophe, Forging Revolution“, Paul Le Blanc lembra que a obra foi escrita a partir de algumas conclusões de Marx e Engels sobre a experiência da Comuna de Paris. A mais importante delas, a de que a dominação política pela classe trabalhadora exigiria uma nova máquina estatal radicalmente democratizada.

No livro, Lênin diz:

A partir do momento em que todos os membros da sociedade, ou pelo menos sua grande maioria, aprenda a administrar eles próprios o Estado, tomem este trabalho nas suas mãos, organizem o controle sobre a insignificante minoria capitalista, sobre a pequena nobreza que deseja preservar seus privilégios e sobre os trabalhadores que foram completamente corrompidos pelo capitalismo – a partir deste momento, a necessidade de qualquer tipo de governo começa a desaparecer completamente.

Além disso, o líder bolchevique afirma: “Para Marx, o proletariado precisa apenas de um Estado que esteja constituído de tal forma que comece a definhar imediatamente”. Infelizmente, até hoje, isso nunca se concretizou.

Mas Lênin jamais concluiu a segunda parte de “O Estado e a Revolução”. Em um posfácio à obra, escrito em novembro de 1917, logo depois da vitória dos sovietes, ele explica o motivo:

A redação da segunda parte deste panfleto (...) provavelmente terá de ser adiada por muito tempo. É mais agradável e útil viver a “experiência da revolução” do que escrever sobre ela.

Quanto a isso, Lênin tinha toda razão. Muito melhor que teorizar sobre revoluções, é realizá-las.

Leia também: Lênin, o revolucionário que sabia recuar

3 comentários:

  1. Esse livro me impressionou muito quando li por propor acabar com o estado. Não imaginava alguém que fez a revolução para instaurar um estado operário, propor que ele fosse definhando até deixar de existir. Acho que fez tudo ao seu tempo, esse desdobramento do estado operário para sua extinção ficou faltando, e muito, nem o estado operário sobrou.

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    1. Pois é. Mas mesmo que tivesse dado certo, seria algo pra muitas gerações. E tanto Marx e Engels como Lênin sabiam disso.

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    2. Aliás, foi nisso em que se seguraram os que foram mantendo o Estado e se mantendo nele. O pretexto de que tudo estava em construção

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