Em 1948, o primeiro sistema de saúde universal, público e gratuito do mundo entrou em vigor no Reino Unido. Era o Sistema Nacional de Saúde. NHS, na sigla em inglês.
Em seu livro “The People's Republic of Walmart”, Leigh Phillips e Michael Rozworski consideram o NHS uma prova de que um “planejamento democrático” pode coexistir com o capitalismo.
Mas para isso pesaram vários fatores. O papel do Estado tornou-se fundamental durante a guerra. A classe trabalhadora britânica emergiu do conflito fortalecida. Seus votos garantiram a eleição de um governo trabalhista que aproveitou a experiência das clínicas geridas pelos próprios trabalhadores em todo o Reino Unido para criar o novo sistema assistencial.
Quando a crise econômica dos anos 1970 colocou os trabalhadores na defensiva, começaram os retrocessos. A partir do governo Thatcher, o sistema passou a ser desmontado com a adoção de mecanismos de mercado em seu funcionamento.
Mas coube a um trabalhista completar o serviço. No final dos anos 1990, Tony Blair introduziu em definitivo a lógica mercantil no sistema. Atualmente, ele funciona a duras penas em meio a terceirizações e consórcios com clínicas privadas.
O NHS demonstrou que a assistência médica pode ser prestada de acordo com as necessidades humanas, no lugar dos ganhos privados. O SUS faz o mesmo e também foi produto de uma conjuntura marcada pelo avanço das lutas populares.
Nossos autores vêm essas experiências como “um embrião do novo mundo que se desenvolve dentro dos limites do nosso velho e cansado mundo”. Mas em sua incansável defesa dos interesses da classe dominante, o Estado aproveita qualquer oportunidade para sufocá-las.
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