Estima-se que 90% do comércio mundial é feito por navios que emitem anualmente mais gases de efeito estufa que 205 milhões de automóveis. Se esses cargueiros fossem um país, seriam o sexto maior emissor, ficando logo abaixo do Japão e acima da África.
Mas esse não é todo o problema. Quem afirma que na crise ambiental estamos todos no mesmo barco, ou está enganado ou está enganando. Muitos cargueiros dos países ricos, por exemplo, despejam seu lixo em águas de países periféricos para cortar custos logísticos e ambientais.
A imensa maioria das vítimas de catástrofes ambientais estão nos países dependentes e 75% delas são mulheres. Os países mais pobres, principalmente os que ficam ao sul do Saara, na África, são os mais atingidos. Dentro de cada nação, os mais pobres, mulheres, crianças e idosos têm maior probabilidade de perder suas casas e meios de subsistência devido às alterações climáticas. Também têm mais chances de morrer.
Cada vez mais, a divisão não é apenas entre ricos e pobres, ou conforto e pobreza: é entre sobrevivência e morte.
Continuamos navegando em nosso Titanic enquanto ele se dirige lentamente rumo a um mar escuro e ameaçador. Os marinheiros entram em pânico e aqueles que pagaram passagens mais baratas já começam a cair na água.
Como diz a escritora Arundhati Roy:
Os ricos ficam despreocupados ao saber que os botes salva-vidas são reservados aos passageiros de sua classe. E a tragédia é que eles provavelmente estão certos.
Os dados e argumentações acima estão no livro “Enfrentando o Antropoceno”, de Ian Angus.
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Bela frase da escritora. Dados estarrecedores. Como se dá esse controle, ou melhor, a falta dele em os navios despejarem seus lixos no quintal dos países ricos?
ResponderExcluirÉ o neocolonialismo do imperialismo, né?
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