Há
12 anos éramos rivais e hoje somos aliados. O Brasil mudou. Mudou o eleitorado
e mudaram os partidos que resolveram apoiar nosso projeto nacional, como é o
caso do PP.
Com estas
palavras, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, justificou a aliança com Maluf
para as eleições municipais paulistanas.
Elogios à violência
policial, pena de morte, ofensas a grevistas, ódio aos “vagabundos e
baderneiros do PT”. Estes eram os principais motes das campanhas eleitorais de
Maluf até o final dos anos 90. Suas vitórias eleitorais mostram que eles encontravam
grande acolhimento na sociedade.
A militância
petista e da esquerda em geral foi construindo a duras penas a resistência a
todo esse conservadorismo. Mas parte dessa militância começou a se adaptar à ordem dominante. O objetivo era conquistar o
poder político institucional a qualquer custo. Funcionou.
Depois de
10 anos no governo, o PT mudou muito. Já o Brasil...
Quase metade
dos brasileiros apoia tortura para obter provas. Esta é a conclusão de pesquisa
do Núcleo de Estudos da Violência, da USP, divulgada no início de junho. Em 13/04,
Diego Viana publicou a matéria “Ao centro, os conservadores” no Valor. Segundo o
texto:
Enquetes
de institutos como Datafolha e Vox Populi revelam uma recusa à legalização das
drogas que chega a 87%, rejeição do aborto variando entre 71% e 82% e apoio à
pena de morte acima de 50%.
Esses
valores foram reafirmados em pesquisa encomendada ao instituto GPP pelo partido
Democratas (DEM). O casamento de pessoas do mesmo sexo recebeu o apoio de 41,6%
dos opinantes (eram 36,5% em 2007), com rejeição de 51,2% (56,8% em 2007). A
legalização do aborto levou um não de 77,2% das pessoas, ainda mais do que em
2007, quando eram 73,3%.
É esta situação que tornou possível a aliança entre
Lula e Maluf. A grande maioria
da população não vai estranhar muito. Afinal, é como disse Falcão. O acordo faz parte do "projeto nacional" do PT. E este se rendeu ao conservadorismo secular da sociedade brasileira.
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