Mas nada disso
diminui a responsabilidade do próprio Lugo. Atilio Boron, sociólogo argentino, em
artigo no jornal Brasil de Fato, critica o presidente deposto por sua
docilidade em relação à direita paraguaia:
Gestos
de concessão a favor da direita resultam unicamente em torná-la mais agressiva,
não apaziguá-la. Apesar das concessões, Lugo sempre foi considerado um intruso
incômodo, por mais que promulgasse, ao invés de vetá-las, as leis
antiterroristas que, a pedido de "a Embaixada", aprovava o Congresso,
o mais corrupto das Américas.
A também socióloga
Lorena Soler, escreveu no jornal Página/12:
Quem
governa com tanta normalidade, em poucas horas depois de usurpar o poder, é
porque já governava tudo antes. Enfim, Fernando Lugo não controlava os recursos
básicos do Estado nacional, nem sequer a polícia que, há apenas oito dias, assassinou
vários camponeses, do grupo mais querido de sua origem e o último elo de seu
apoio social.
O presidente deposto
concedeu entrevista ao jornal Zero Hora. Ao ser questionado sobre sua posição
favorável aos carperos (sem-terras), Lugo respondeu: “sempre estive a favor de
todos, tratando de buscar soluções pacíficas, tratando de desenvolvimento do
país com harmonia”.
Uma frase que diz
tudo. Governar para todos em pleno capitalismo é ilusão ou falsidade. Seja qual
for o caso de Lugo, o preço a ser pago pelos trabalhadores paraguaios será alto.
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