Renato Sérgio de Lima e Arthur Trindade Maranhão Costa
publicaram “Medo da violência revigora tendências autoritárias e beneficia
Bolsonaro” na Folha, em 25/06. O artigo revela dados de recente pesquisa
Datafolha:
Para 69% dos brasileiros adultos,
"o que este país necessita, principalmente, antes de leis ou planos
políticos, é de alguns líderes valentes, incansáveis e dedicados em quem o povo
possa depositar a sua fé".
Se forem considerados apenas pessoas dispostas a seguir “líderes
valentes, incansáveis e dedicados”, o percentual sobe para 85%.
A frase utilizada na pesquisa fez parte de um estudo
feito pelo marxista alemão Theodor Adorno, em 1950. Judeu e perseguido durante
a Segunda Guerra, Adorno buscava compreender como o nazismo ganhou tantos
adeptos na Alemanha da primeira metade do século 20.
Os autores alertam para a crescente popularidade de
Bolsonaro, mas consideram que Lula e João Dória também podem encarnar "líderes
valentes, incansáveis e dedicados". Além disso, certos valores defendidos
por Bolsonaro batem de frente com alguns princípios neoliberais. Hoje, ele seria menos
confiável para o grande capital que o ex-presidente ou o atual prefeito
paulistano.
Por outro lado, Hitler era considerado um lunático pela
alta burguesia nos anos 1920, mas acabou sendo a escolha dela durante a crise
dos anos 1930. E não só na Alemanha. Tanto Mercedes e Volkswagen como Ford, IBM
e Coca-Cola apostaram suas fichas no nazista.
Se uma nova hecatombe econômica ameaçar seus privilégios,
o grande capital não terá dúvidas em apelar para as feras do apocalipse
fascista. Mas a principal aposta ainda é contar com algumas ovelhas para fazer
o trabalho sujo dos lobos.
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