Em 19/06, Nuno Ramos de Almeida publicou “Em busca da
comunidade futura”, no portal Outras Palavras. O artigo destaca a importância
da “culturas e identidades operárias” na criação de grande parte das
alternativas políticas do século passado na Europa e Estados Unidos. Como
exemplo, relata um episódio ocorrido em Portugal, em plena ditadura
salazarista:
A 30 de janeiro de 1938 defrontaram-se
no Estádio Nacional do Jamor as seleções de Espanha e Portugal. Durante os
hinos, os dignitários fascistas na tribuna, a multidão e os jogadores fizeram a
saudação nazi. Todos? Não, quatro jogadores portugueses recusaram fazer o
gesto. Artur Quaresma deixou os braços em baixo. Mariano Rodrigues Amaro e José
Ribeiro Simões levantaram, desafiantes, o punho esquerdo, e o goleiro, João
Mendonça e Azevedo, juntou-se à contestação. No final do jogo foram detidos
pela polícia política de Salazar. Artur Quaresma, tio-avô de Ricardo Quaresma,
explicou em 2004 ao jornal Record porque se recusou a fazer a saudação
fascista: “Tinha muitos amigos comunistas e oposicionistas, por isso foi uma
atitude natural, embora não planejada.” Apesar de terem sido presos pela PIDE,
foram libertados em pouco tempo, dado o apelo da direção do clube. Numa
conversa, Quaresma acrescentou outra razão de fundo para a coragem dos quatro
destemidos jogadores contra tudo e contra todos. Ao que parece, todos eles eram
do Barreiro. Apanhar da polícia era tenebroso, mas viver na vila operária com o
ônus de ter feito a saudação fascista e ter dobrado a espinha era muito pior.
Ou seja, é preciso buscar no passado das lutas
libertárias a coragem para construir um futuro verdadeiramente comunista.
Bonito relato. Me encantam atitudes de grandeza e rebeldia sempre. Quando elas surgem em locais pouco comuns mais ainda. Sei que não são poucas atitudes como essa no futebol, mas
ResponderExcluirsempre gosto. Pena que não conheço nenhuma do meu time, o Palmeiras; aliás, no seu início só tem coisas ruins. Mas, fazer o quê, no momento em que fazemos nossas escolhas não temos consciência de classe. Depois... ah depois em coisas que não ferem nossos princípios a gente continua gostando.