Fundamental para vitória em 1917 foi a realização do II
Congresso dos Sovietes, em 25 e 26 de outubro daquele ano. Em seu texto “De
fevereiro a outubro”, Lars T. Lih afirma que “podemos imaginar o II Congresso
sem o levante, mas não podemos imaginar o levante sem o II Congresso.”
Uma vez vitoriosa a revolução, o Congresso aprovou como
tarefas fundamentais “paz democrática”, terra aos camponeses e a criação de um
“governo operário-camponês”. Medidas “essencialmente democráticas”, diz o autor.
Segundo Lih, no final do esboço da declaração que preparou para amarrar o novo governo a esses compromissos, Lênin havia escrito “Vida
longa ao socialismo!”. Mas ele “riscou esta frase”. Segundo o autor:
...os bolcheviques nunca defenderam o programa
efetivo deliberado no Congresso como “socialista” – tampouco, o que é ainda
mais relevante, os que atacaram os bolcheviques fizeram qualquer menção a
tentativas irreais de instalar o socialismo na Rússia. “Socialismo”
simplesmente não era uma questão no II Congresso.
Assim, a Lih “parece mais provável entender a revolução
de 1917 como uma revolução democrática antiburguesa”.
De fato, a burguesia era incapaz de conquistar os objetivos definidos pelo II Congresso sem
contrariar seus próprios interesses. E para alcançá-los, os
trabalhadores tiveram que avançar para a socialização das fábricas e
latifúndios e a democratização radical da vida política.
Era a “revolução permanente”, defendida por Trotsky e
assumida por Lênin. Mas ambos admitiram que a implantação do socialismo dependia
de vitórias revolucionárias na Europa ocidental. Na ausência delas, a revolução
antiburguesa foi cercada por todos os lados. Não apenas ficou incompleta, como
sofreu recuos sucessivos até transformar-se na contrarrevolução stalinista.
Acesse o texto de Lars T. Lih, aqui
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Maiakóvski
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