No Brasil, no governo do PT adotou-se
a emulação do crescimento (PAC – Política de Aceleração do Crescimento),
visando a, em primeiro lugar, anabolizar o PIB. E a dependência da exportação
de matérias-primas, hoje elegantemente denominadas commodities, agravou o
processo de desindustrialização.
A corrupção se entranhou nas
estruturas governamentais, cooptou líderes políticos como agentes de interesses
privados de grandes corporações e corroeu a credibilidade ética da esquerda.
Abandonou-se o horizonte socialista e acreditou-se na política de inclusão
assistencialista dos mais pobres, sem alterar minimamente as estruturas sociais
e os direitos de propriedade.
Cedeu-se à falácia de que o
capitalismo é passível de humanização. Priorizou-se o acesso da população a
bens pessoais (celular, computador, eletrodomésticos etc.) e não a bens sociais
(alimentação, saúde, educação etc.).
Não houve empenho em preparar as bases
de uma democracia participativa. Movimentos populares foram alijados como
interlocutores preferenciais ou cooptados para atuarem como correia de
transmissão entre governo e bases sociais.
É hora de fazer autocrítica e corrigir
rotas, antes que seja demasiadamente tarde. Pena que, em seu congresso
nacional, na primeira semana de junho, o PT tenha declinado desse dever
político sob o pretexto de não dar munição aos adversários. Quem se cala,
consente.
As palavras acima estão no artigo “Autocrítica da
esquerda”, publicado no “Correio da Cidadania” em 13/06. São de Frei Betto,
amigo pessoal de Lula.
É perfeitamente possível concordar com quase tudo o que diz
o texto. Mas não é verdade que chegou a “hora de fazer autocrítica e
corrigir rotas”. Este momento já ficou para trás. Mais precisamente, há exatos
quatro anos.
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