Doses maiores

21 de maio de 2024

O PT virou unidade de política pacificadora

A frase acima é de Pedro Arantes, professor da Unifesp, em entrevista concedida ao podcast “Ilustríssima Conversa” e publicada em 18/05/2023. O tema do programa é o lançamento de "8/1: a Rebelião dos Manés", livro que o entrevistado escreveu junto com Fernando Frias e Maria Luiza Meneses.

O título da obra se refere à tentativa de golpe ocorrida em janeiro de 2023 pelos bolsonaristas. Ou pelos “manés”, segundo a terminologia adotada pelo ministro do STF, Luís Barroso, para os apoiadores de Bolsonaro.

Arantes considera equivocada a postura de menosprezar e ridicularizar os “manés”. Afinal, a eleição de Bolsonaro provou que o grotesco e o caricato devem ser levados muito a sério.

O entrevistado também acha que o combate ao fascismo pela política de “redução de danos” pode acabar aumentando os danos. Os dados da realidade mostram que vivemos sob um sistema incapaz de atender as necessidades e anseios da grande maioria da população. Mesmo assim, grande parte da esquerda insiste em defendê-lo a qualquer custo. O resultado é mais frustração e ressentimento funcionando como combustível para forças extremistas conservadoras como o bolsonarismo.

Ao mesmo tempo, assistimos apáticos ao crescimento do punitivismo promovido por figuras como Alexandre de Moraes. A mesma justificativa jurídica utilizada contra os golpistas de janeiro pelo ministro do STF, por exemplo, levou à prisão de manifestantes do Movimento do Passe Livre em São Paulo. Enquanto isso, diz Arantes, a “esquerda institucionalizada deixou de construir a luta social, a formação, a educação”.

Difícil discordar. O PT tenta manter uma paz que não existe. Abana uma bandeira branca que já foi toda rasgada por tiros.

Leia também: Dobrando a aposta neoliberal no fascismo

8 comentários:

  1. Olha, eu gostei bastante do título e esperava outra coisa, a Pílula acaba se concentrando como os manés tem importância, e no final e fundo tem mesmo, afinal o voto e a representação continua sendo (e não acho errada) pela quantidade. O PT apazigua esses ânimos dos manés, é isso?

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  2. Não. O PT tenta apaziguar o que não pode ser apaziguado: a luta de classes radicalizada pela barbárie capitalista, representada pela ascensão fascista. Por isso que no final eu falei da bandeira branca toda rasgada por balas.

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  3. E também não acho que os manés tenham importância só pelo peso eleitoral. O problema é a disposição deles de arrebentar tudo em defesa da ordem conservadora. Enquanto nós nem chegamos a combater a ordem conservadora. Ao contrário, tentamos remendá-la

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  4. Tema dificil.
    O que fazer?
    Como governar com mais de 50% da população eleitoral conservadora, católica ( e agora hipnotizada por outro fundamentalismo), heteronormativa por educação infantil (e que só se torna mais agressiva ao ver os identitaristas, que nunca leram Marx, combatendo seus fundamentos)...

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    1. Governar é que está se tornando cada vez mais difícil. Nesse sistema todo amarrado política e economicamente, o conservadorismo "nada de braçada", como dizem. Lênin se propôs a responder "o que fazer?", mas foi preciso uma guerra mundial e muito caos social na Rússia para que desse algum resultado. E olha que, mesmo assim, tinha tudo para nem dar certo. Abraço!

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  5. Temos que ter o bom senso,
    não podemos é servir de trampolim para que os espertos vençam e convençam
    levando o caus para a população.

    Amaury Nogueira
    Poeta Paranaense

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    1. A questão é o que vem se tornando "bom senso". Manter um sistema absurdamente injusto para nos salvar do pior? É como diz o entrevistado, a ideia e reduzir os danos, mas como saber se ao fazê-lo não estamos aumentando os danos. Obrigado pelo comentário, Amaury. Você tem poemas publicados em algum meio, impresso ou virtual?

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  6. Amaury Nogueira

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