Era o ano de 1767, o capitalismo industrial começava a surgir na Europa, quando o filósofo escocês Adam Ferguson disse o seguinte:
As manufaturas prosperam mais onde a mente é menos consultada, e onde a oficina pode ser considerada como um motor, cujas partes são os homens.
Em 1827, foi a vez de Thomas Hodgskin, socialista inglês, afirmar em sua obra “Economia Política Popular”:
A menos que haja trabalho mental, não pode haver destreza manual; e nenhuma capacidade de inventar máquinas. Portanto, o trabalho mental é essencial para a produção.
Muitos anos depois, Marx citaria esses dois autores em “O Capital”, para sublinhar que as habilidades laborativas são um recurso comum partilhado entre os trabalhadores e passado de geração em geração. É um poder produzido e partilhado coletivamente. E é a apropriação deste poder pelos donos dos meios de produção que está por trás do desenvolvimento das forças produtivas sob o domínio do capital. Desde os primeiros teares mecânicos até os mais recentes desenvolvimentos da chamada inteligência artificial.
Para Marx, o trabalho é sempre coletivo: não existe trabalho individual mais prestigiado que outro e, portanto, o trabalho mental é sempre geral. A mente é por definição social.
Desse modo, é um equívoco dizer que a inteligência artificial imita o cérebro humano. Ela é produto das relações de trabalho injustas que o capitalismo impõe à grande maioria.
É essa principal tese de “O olho do mestre: uma história social da inteligência artificial”, livro do filósofo italiano Matteo Pasquinelli, que já apareceu por aqui e continuará sendo comentado nas próximas pílulas.
Leia também: Ada Lovelace, criadora do algoritmo cibernético
E essas relações injustas de trabalho que o capitalismo impõe não estão impregnadas na mente e inteligência humana? É dúvida mesmo, não é uma pergunta retórica de afirmação.
ResponderExcluirAcho que não. Vão sendo incorporadas nos meios de produção que nos oprimem e exploram
ResponderExcluir