Mas
há um entusiasmo mórbido na cobertura que a grande mídia vem fazendo. É uma
torrente inesgotável de informações, boatos, entrevistas, reportagens,
animações, infográficos. São inúmeras investigações duvidosas e opiniões
suspeitas ou levianas de especialistas ou de quem passa por sê-lo.
As
mais de duas centenas de mortes transformaram-se num vasto material para a
exploração sensacionalista. Cada óbito rende muitos depoimentos emocionados de
parentes e amigos. São constantemente entrevistados, citados e incitados a
chorar em frente às câmeras e diante dos microfones.
Foi
assim com as enchentes na região serrana do Rio e o massacre na escola de
Realengo. A grande imprensa provoca lágrimas para embaçar a visão, não para
levar à ação popular organizada. Para usar a generosa solidariedade da população
na disputa por pontos no milionário mercado de audiência.
Há
muitos pássaros agourentos pousados sobre os corpos de Santa Maria. São políticos,
autoridades, empresários, advogados, policiais, juízes. Mas uma enorme sombra paira
acima deles todos. É a imensa ave de rapina da grande mídia, que sobrevoa tudo
para tudo encobrir.
Leia
também: Enxurrada de lágrimas
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