O recente escândalo envolvendo a Fifa e Joseph Blatter tem origem na enorme
mercantilização do futebol, com a inevitável corrupção de seus gestores. Mas todo
este processo deve muito ao brasileiro João Havelange, presidente da Fifa por 24
anos antes de fazer Blatter seu sucessor.
Em uma passagem de seu livro “Futebol ao sol e
à sombra”, Eduardo Galeano cita Havelange
falando a um grupo de “homens de negócios”, em 1994: “Posso afirmar que o
movimento financeiro do futebol chega, anualmente, à soma de 225 bilhões de
dólares”. Na ocasião, Havelange comparou a soma aos 136 bilhões lucrados pela General
Motors para dizer que o “futebol é um produto comercial que se deve vender o
mais sabiamente possível”.
Desde então, a “sabedoria” inventada por Havelange e cultivada por Blatter tem
se mostrado cada vez mais rentável. A comparação com a General Motors é que não
faz muito sentido. A Fifa só fatura o que fatura e permite as roubalheiras que permite
porque encontra generosos patrocinadores. Principalmente, entre grandes empresas
como a GM, incluindo os bancos e a grande mídia, ainda que os governos façam
sua parte.
Havelange chegou aonde chegou graças às articulações políticas da ditadura
militar brasileira junto aos outros governos, ditadores ou não. Ele e Blatter permaneceram
onde estavam graças aos governos seguintes e ao apoio econômico do grande capital.
Por isso mesmo, tudo indica que se repetirá a velha marmelada: alguns
corrompidos punidos, todos ou quase todos os corruptores poupados. Tudo isso sujeito
ao apito do mais sujo dos juízes: o aparato de segurança do imperialismo estadunidense.
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