No final dos anos 1940, Assis Chateaubriand possuía 30 jornais e revistas, 15
rádios, e uma editora.
Mas grande parte deste patrimônio foi adquirido sem dinheiro. Dizem que
Chateaubriand costumava afirmar: “Comprar com dinheiro qualquer português de padaria
compra. A competência está em comprar sem dinheiro”.
A “competência” a que se referia o magnata podia ser traduzida por amigos
poderosos acobertando as piores chantagens.
Quem ousasse cobrar de Chateaubriand o dinheiro devido passava a ser
imediatamente caluniado em seus jornais. Sob a proteção de autoridades como o
próprio ditador Getúlio Vargas, só restava ao credor aceitar o calote.
Passadas muitas décadas, os grandes empresários do País continuam a fazer
negócios sem dinheiro. Mas, desde as privatizações tucanas, grande parte dos
recursos vêm saindo dos bolsos dos trabalhadores por meio do BNDES. Sob os
governos petistas, não é diferente.
É o que se deduz do que publicou Murilo Rodrigues Alves no Estadão, em 23/06.
Segundo a reportagem, o banco estatal vai financiar até 70% dos investimentos
previstos no pacote das concessões que o governo acaba de anunciar. Boa parte
dessa verba vem do FGTS.
São R$ 10 bilhões para financiar projetos como a Hidrelétrica de Santo Antônio,
a usina nuclear Angra 3, os aeroportos de Galeão e Guarulhos e ferrovias da
Vale. Odebrecht e Andrade Gutierrez estão entre as empreiteiras beneficiadas.
No mundo todo, o Estado está a serviço dos grandes proprietários de capital. É
uma lei da ditadura do mercado. Mas em alguns lugares, como aqui, esta subordinação
acontece de forma escancarada.
E que se danem os “portugueses de padaria” e nós, seus humildes fregueses.
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e sem punição
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