É famosa a abordagem dialética da relação entre senhor e escravo de Hegel, segundo
a qual nenhum dos dois se realiza como ser humano pleno.
Se o escravo é prisioneiro, a liberdade do senhor está limitada pela
necessidade de manter vigilância constante sobre seu cativo.
O único que pode romper essa relação é o escravo, ao lutar por sua liberdade. Já
o senhor, exatamente por sua condição de dominador, está condenado a manter
seu jugo.
O primeiro olha para a claridade. O segundo, para as trevas.
É esta força emancipadora que torna as forças de esquerda vocacionadas para a
luz.
O PT surgiu sob esse brilho. Nasceu das lutas contra a escuridão das leis da
ditadura empresarial-militar. Foi parido na condição de péssimo exemplo para a educação
moral e cívica dos generais.
O PT não nasceu como reserva ética de uma política institucional que sempre foi
suja e excludente. Quando se tornou isso, abandonou a ética classista e
libertária que guiou seus primeiros passos.
O PT não surgiu como exemplo de governança eficiente, honesta e voltada para os
mais pobres. Ganhou este perfil à medida em que foi assumindo a gerência eficiente
de uma secular máquina produtora de injustiça social.
Vocações não são inevitáveis. São possibilidades. E as que se abriram durante
a trajetória petista foram sendo abandonadas, uma a uma. A última delas pelo 5º
congresso do partido.
Havia quem ainda enxergasse alguns vestígios luminosos da bonita aurora petista.
Mas a penumbra fechou-se pesadamente e o escuro finalmente engoliu o PT.
O pior é que as trevas ameaçam a todos, escravos e senhores.
Leia também: O PT
no abismo
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