No século 19 Marx afirmou que
o capitalismo tende a transformar tudo em fonte de lucro. Mais de 150 anos
depois, esta previsão só vem se confirmando. E não estamos falando apenas da
venda de créditos de carbono ou do hidronegócio.
Que tal um vaso sanitário que
pode levantar o assento automaticamente, aquecê-lo e se conectar a um smartphone
para reproduzir suas músicas preferidas, enquanto você se concentra no
principal? Ele já está à disposição no Japão
No lado oposto da fisiologia
humana, temos uma geladeira conectada, que oferece dicas de culinária, controla
seu próprio abastecimento e armazena suas preferências gastronômicas. Ela existe,
é da Samsung e, recentemente, uma delas foi flagrada enviando spams.
Estes dois produtos são
citados no artigo “Da utopia digital ao choque social”, de Evgeny Morozov,
publicado em 02/10 no Le Monde Diplomatique. Fazem parte da chamada “internete
das coisas”. Mas seu objetivo não é apenas oferecer estranhas comodidades.
Morozov desconfia de que as
informações coletadas por esses objetos on-line sirvam às poucas e poderosas
empresas que controlam os negócios mundiais. Talvez, o que deixamos para trás
após uma visita ao banheiro não seja tão descartável quanto pensamos.
Quando você menos espera,
pode receber um anúncio publicitário sobre a possibilidade de ter doenças que
somente um exame de fezes detectaria. Ou ofertas de alimentos com base nos
registros de seus assaltos noturnos à geladeira.
Hoje, ainda podemos optar
por resguardar a intimidade de nosso aparelho digestivo. Em breve, o mercado deve tornar essa opção mais difícil. E até cocô poderá dar lucro. Mas não para
a grande maioria de seus legítimos produtores.
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