As atuais eleições ocorrem após um acontecimento histórico fundamental. As grandes manifestações de junho
de 2013 foram as primeiras desde o Fora Collor, mais de 20 anos atrás.
Mas se essas revoltas aconteceram
sob um governo de esquerda, ninguém tomou as ruas para protestar contra a
adoção de medidas esquerdistas clássicas. Coisas como Bolsa-Família, Prouni,
aumento do salário mínimo e aeroportos superlotados nada têm de socialistas.
Os manifestantes, por sua
vez, não apresentaram quaisquer exigências radicais. É o caso da redução da
tarifa de ônibus, mais verbas para saúde e educação, combate à corrupção,
reforma política e fim da brutalidade policial.
Aparentemente, Junho foi
resultado de uma explosão de mal-estar. Um incômodo radical sobre o qual
não identificamos mais que alguns sintomas. O maior deles, uma rejeição generalizada à política
institucional. Em especial, contra os partidos de todas as cores.
Vieram as eleições e elas só comprovaram
o que as multidões tentaram expressar nas ruas. A política oficial já não teme
mostrar sua enorme distância da vontade popular. O divórcio entre a farsa do voto bienal e a injustiça social, a repressão e a desigualdade econômica.
A campanha eleitoral simplesmente
fez de conta que Junho não existiu. O que interessa é saber qual projeto irá
gerenciar uma das sociedades mais violentas e injustas do mundo pelos próximos
quatro anos.
Enquanto isso, a seca deixa
de castigar apenas o Nordeste e começa a se alastrar pelas regiões mais ricas
do País. A crise mundial promete chegar de vez e causar grandes estragos.
O calendário eleitoral
termina domingo. Aquele que se iniciou em junho pode estar apenas começando.
Entendo a propaganda eleitoral como parte da campanha eleitoral. Eu não acompanhei toda, mas vi que o Skaf e agora o Aécio, falando muito do "clamor das ruas" por mudança. Ou seja, a direita tentou se apropriar de junho. Sei que é ridículo e inoperante para estas campanhas tentarem colar nas manifestações, mas fizeram. O que não aconteceu foi o PT, por motivos óbvios, tocar no assunto. Nos partidos de esquerda, vi alguma coisa, mas muito tímida. Triste, né.
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