Doses maiores

30 de outubro de 2014

Por um Dia de Finados mais descontraído

A Justiça da Argentina acaba de condenar à prisão perpétua 15 agentes da ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1983. Neste período, eles cometeram crimes como tortura, assassinato e sumiço de opositores ao regime.

No Brasil, os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade merecem todo o respeito. Mas muito dificilmente resultarão em verdadeira justiça. Continuaremos a ver os carrascos da ditadura militar desfilarem seu fascismo pelas ruas e na imprensa. Tudo sob a proteção da cúpula das Forças Armadas nomeada por uma de suas vítimas. Certamente, morrerão no conforto de seus lares.

Diante disso, só nos restaria fazer justiça com as próprias mãos.

Como somos contra execuções sumárias mesmo nestes casos, podemos apelar para algo parecido com que os anarquistas fizeram durante a Guerra Civil Espanhola. Dizem que eles desenterravam fascistas que haviam morrido antes de serem alcançados pela justiça revolucionária. Os defuntos eram colocados contra um paredão para passar pelo fuzilamento que ficaram devendo à História.

Infelizmente, o número de anarquistas é bem menor em terras brasileiras atualmente. Por isso, todos os outros lutadores socialistas que realmente se importam com o valor sagrado da justiça teriam que ajudar. Seria preciso localizar as tumbas e certificar-se de que se trata dos cadáveres corretos. A exumação também seria trabalhosa. Mas para o fuzilamento precisaríamos fazer sorteios para ver que felizardos passariam fogo nas carcaças.

Não faria muita diferença para os que caíram sob as patas dessas bestas. Mas, pelo menos, teríamos Dias de Finados mais descontraídos.

As pílulas terão suas doses suspensas até final de novembro.

Um comentário:

  1. Que curiosa e estranha sua ausência com esta última pílula, ou pérola. Talvez uma grande metáfora do mundo seria liquidarmos nossos defuntos assim. Um misto de impossibilidade e desejo passou na minha cabeça. Muito bom!

    ResponderExcluir