A denúncia está na matéria “Bahia: energia ‘limpa’ contra o povo”, publicada pelo portal Outras Palavras. É sobre as serras de Jaguarari, na Bahia, conhecidas como a “caixa d’água do sertão”. Suas 63 fontes abastecem mais de um milhão de pessoas.
Um consórcio chamado Quinto Energy escolheu a região para construir o “Complexo Manacá”, que prevê a instalação de 405 torres eólicas e 476 mil placas fotovoltaicas. A produção de energia equivaleria a um quarto da gerada por Itaipu, a maior hidrelétrica do país.
Serão abertas estradas com até 20 metros de largura para que carretas transportem torres eólicas com 43 metros de altura para o alto da serra. Além disso, será preciso construir plataformas de concreto, desmatando e cimentando as caixas d´água do sertão. Apesar disso tudo, a obra recebeu sinal verde do governo baiano.
Este é mais um exemplo de que mesmo as chamadas energias “limpas” e “sustentáveis” podem causar mais estragos que benefícios. Mas vai muito além dos impactos locais.
Parques eólicos e fotovoltaicos estão sujeitos à inconstância dos ventos e da luz solar. Desse modo, seus proprietários criam demandas que não têm condições de garantir de forma sustentável. A qualquer momento, essas fontes ditas alternativas podem “secar”, provocando apagões que o Estado será pressionado a resolver. Na utilização da energia hidrelétrica essas intermitências são corrigidas pelo sistema público, que alterna o uso das usinas espalhadas pelo país.
Fontes de energia renováveis devem substituir as tradicionais, diminuindo o impacto ambiental e social, mas também integrar os sistemas públicos. Qualquer coisa diferente disso é o velho capitalismo sujo disfarçado de capitalismo verde.
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