Jordan Bardella tem 28 anos e é conhecido como "Rei da Selfie" porque multidões de jovens querem tirar fotos com ele. Com mais de 1 milhão de seguidores nas redes virtuais, poderá tornar-se o mais jovem primeiro-ministro da França, se seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita, obtiver maioria nas próximas eleições para a Assembleia Nacional. Possibilidade fortalecida pelas recentes eleições para o Parlamento Europeu, nas quais o RN mais que dobrou sua bancada.
Em reportagem para o jornal italiano Repubblica, Anais Ginori cita as palavras do marqueteiro de Bardella, Pascal Humeau: “Esse sorriso parece natural, mas trabalhamos nele durante meses. O objetivo era que as pessoas dissessem: para um fascista, ele parece bonito”.
Sem dúvida, um fenômeno assustador. Mas apesar de novo, não é tão recente. Faz parte da onda conservadora que começou a nascer há dez anos no rastro da crise de 2008.
Desde então, surgiram novos tipos de organização partidária ligados à enorme influência das redes virtuais na vida social. Alguns estudiosos chamam essas organizações de “partidos digitais” ou “partidos plataforma”. Muitas delas até surgiram a partir da militância de esquerda, mas sua tendência à fragmentação, superficialidade e irracionalismo se adequou melhor ao ideário ultraconservador.
A necessária e urgente reação da esquerda não pode se limitar à luta nas redes. A raiz das vitórias da extrema direita está nas respostas que oferece aos problemas concretos da vida cotidiana das maiorias. Respostas absolutamente equivocadas, mas que conseguem se impor, frente a uma esquerda que ou se limita a administrar a barbárie neoliberal ou não consegue enxergar para além de suas selfies políticas.
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Bem colocado. Valeu.
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